quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Atitute.

por Andressa Gonçalves

O Homem se torna humano em contato com outros Homens. A filogênnese se apura conforme o sujeito vai adquirindo aspectos ontogenéticos e sociogenéticos, daí porque somos nossa própria história e as pessoas com as quais nos relacionamos.


A cultura vai esculpindo na pessoa seus conceitos, seus valores que lhe são passados por um processo de comunicação e que, dependendo da interpretação que cada um de nós tem a respeito da mensagem que lhe é dirigida e dependendo do valor que damos a essa mensagem, a percebemos de um jeito.


O tipo de percepção determina a atitude que pode futuramente mudar ou não. Somos nossas vivências, nossos amigos, as pessoas que amamos, os livros que lemos (ou não lemos), os passeios que fazemos...somos nossas experiências.
"O Homem não é, ele está".
arte: Banksy.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Greimas.

por Andressa Gonçalves

Todo texto diz alguma coisa. Todo discurso apresenta implícito ou não uma forma de manipulação: nem tudo é o que parece; nem tudo se mostra como realmente é; nada deve escapar ao olhar atento. (premissas fenomenológicas)

Greimas entende que o texto constitui em qualquer coisa entrelaçada que gere sentido.

A semiótica estuda o que o texto diz e o que ele faz para dizer o que diz. O discurso é o componente ideológico sobre o ponto de vista da semiótica francesa.

É sabido que cada pessoa interpreta um texto (linguístico, visual, sonoro, gestual e sincrético) a partir de seu repertório, do conhecimento adquirido por toda a sua vida. E cada sujeito atribuirá ao objeto observado um valor. E isso também depende desse repertório de vida.

E de acordo com esse repertório e com esses valores, uma pessoa pode ser persuadida, seduzida, intimidada ou tentada por meio de um texto, por meio do discurso.

Cuidado com a aparência, com a tendência de concepções preconceituosas acerca de algo por conta de uma mera percepção imediatista. (vício pós-moderno...)

O buraco é mais embaixo.

FSM 2009 - Toda forma de inclusão deve ser levada a sério


Por Rosivaldo Almeida

O tema acessibilidade é uma alavanca para protestos e discussões na 9°edição do Fórum Social Mundial, que acontece em Belém. No último dia 30 uma mesa de diálogo, realizada na Universidade Federal do Pará, por iniciativa da empresa ACESSIBILIDADE BRASIL, que é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, sem fins lucrativos) - levou um grupo de pessoas a refletir sobre os problemas enfrentados por pessoas com deficiência no que concerne a utilização de sites que não atendem a necessidades especiais dos usuários, segundo o conceito de desenho universal e acessibilidade previsto no W3C - Consórcio para WEB - e WAI - Iniciativa para acessibilidade na Rede.

O evento começou com o professor Guilherme Lira - Presidente da Acessibilidade Brasil, sob o tema Acessibilidade no governo eletrônico, e teve como principais objetivos: A garantia (ao longo da vida de todas as pessoas) dos direitos econômicos, sociais, humanos, culturais e ambientais, especialmente os direitos à alimentação (com garantia de segurança e soberania alimentar), à saúde, à educação, à habitação, ao emprego, ao trabalho digno e comunicação.

O professor destacou que a expresão “acessibilidade” precisa ser levada a sério e discutida cada vez mais nas esferas públicas, e que as organizações precisam se mobilizar para que projetos saiam do papel e passem a ser discutidos em casa, nas escolas, hospitais e supermercados para a consolidação de um novo mundo possível.O local foi completamente ocupado por jornalistas, estudantes, curiosos e das próprias pessoas com deficiência em busca de conhecimento, debates, descobertas e desenvolvimento de projetos que privilegiem a inserção social e econômica.

Um dos assuntos de pauta do debate foi a falta de participação da população de Belém no Fórum Social. Segundo pesquisas realizadas, 60% da população não sabe o que ele representa, tornando difícil a concretização de um outro mundo possível, como é proposto no tema do Fórum, uma vez que a comunidade não está por dentro dos debates na área de inclusão e acessibilidade; Muitas pessoas nem sabem de seus direitos, e acabam “sufocando” deficiências genéticas, ocasionando, no futuro, traumas e complexos irreversíveis.

Alexandre da Silva Diniz, da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Pará relatou um fato curioso. Certa Vez ele e uma equipe atravessaram a Baía do Guajará, bem em frente a Belém, para visitar os ribeirinhos e ministrar palestras de inclusão digital, e surpreenderam-se ao perceber que eles não tinham o menor conhecimento do que era um computador e suas ferramentas, então, os palestrantes tiveram que reavaliar o motivo de suas visitas e explicar passo-a-passo os procedimentos da Era Digital, além de propor palestras de conscientização às famílias com pessoas com deficiência que não têm noção de tratamentos psicológicos e procedimentos adequados.

“A situação dos ribeirinhos me comoveu. Além da falta de conhecimento por objetos modernos, muitas vezes banais, para quem vive nos grandes centros urbanos, o que me chamou a atenção foi perceber que as pessoas com deficiência não saem de casa , por terem vergonha, por isso é importante que o Fórum seja discutido na Amazônia, mas é preciso que a população participe, interaja, cobre seus direitos e lute por melhorias.

Os depoimentos fluíram de forma intensa. Vários os casos de exclusão foram descritos ali, em uma sala com capacidade para 90 pessoas. A expressão dos participantes era de espanto. Fabiano da Silva Moraes, 18 anos, participa pela primeira vez do Fórum e se mostrou indignado pela falta de políticas públicas na área de inclusão social, e ressaltou: “Falta investimento do Governo na formação constante de profissionais capacitados para a criação de sites acessíveis, mas não se pode esquecer que inclusão e acessibilidade vai muito mais do que desenvolver projetos e programas para pessoas com deficiência, também é levar informação aos ribeirinhos que estão aqui, a 15 minutos de Belém”.

Seguindo esse gancho houve disputa para o próximo a falar. Todos queriam contribuir com suas experiências e propostas, porém uma fala destacou-se e fez com que todos concordassem, em silêncio, foi André Barros,que tem de Sindrome de Down, atleta paraense (o único a atravessar a Baía do Guajará à nado), e também assessor parlamentar, proferindo as seguintes palavras: “O deficiente não é inútil e a família tem que participar junto, contribuindo para a melhoria de um outro mundo possível. Se você sofre preconceito, lute, não aceite, prove ao mundo a sua capacidade e ilumine o ambiente”.

Um assunto polêmico gerou discussões proximo de encerrar o tempo da mesa de diálogo: O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social - BPC - (destinado ao idoso ou pessoa com deficiência, que não tenham condições de prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua própria família). Segundo Elisa Senna, Psicóloga da Fundação Alvares de Azevedo, esse benefício faz com que algumas pessoas, o tempo todo, se esconda atrás de sua deficiência, nao desenvolvendo habilidades e tarefas possíveis. “O BPC deixa atrás um potencial humano. A pessoa abre mão de uma carreira pelo benefício, que muitas vezes, sustenta a família.

A partir disso, surgiu um acordo e propostas de melhorias para esta triste realidade:

1- É preciso investir na auto-estima desse segmento;
2- Mostrar é possível atingir melhorias que não seja, simplesmente, um salário;
3- Conscientizá-los de que o benefício é estagnador, e é possível ir além.
4- Investir na capacitação deles, uma vez que, alguns, sempre indicam um parente, mas nunca eles mesmos.

A palavra final foi do Professor Guilherme Lira que encerrou o debate enfatizando: “Lutar pelos direitos de inclusão e acessibilidade é um desafio constante, mas temos que nos mobilizar, pressionar. Toda e qualquer forma de inclusão deve ser levada a sério, não há outra forma de mudança".